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Rio de Janeiro,17/06/2025

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Debate sobre descriminalização da maconha no Reino Unido reacende discussões sobre saúde mental e uso da cannabis potente

Proposta do prefeito de Londres para descriminalizar o porte de pequenas quantidades de maconha gera repercussão entre especialistas e familiares de usuários

Fonte: Dayli Mail
Debate sobre descriminalização da maconha no Reino Unido reacende discussões sobre saúde mental e uso da cannabis potente Relatório propõe nova abordagem para o porte de cannabis no Reino Unido (Reprodução/Shahbaz Hussain/Pexels)

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, tem sido um dos principais defensores da revisão da atual legislação britânica sobre drogas. A partir de 2022, criou a Comissão de Drogas de Londres, com o objetivo de avaliar alternativas à criminalização do porte pessoal de cannabis. No encerramento dos trabalhos do grupo, Khan declarou apoio à recomendação de descriminalizar pequenas quantidades da substância para uso individual.

Apesar de não possuir autoridade legal para alterar leis nacionais, Khan instou o Parlamento britânico a considerar o relatório da comissão como base para possíveis reformas. O prefeito destacou que as conclusões apresentadas estão fundamentadas em dados técnicos e experiências internacionais, como a legalização da cannabis recreativa em partes dos Estados Unidos.

Uso excessivo de cannabis de alta potência preocupa especialistas

Pesquisadores em psiquiatria e profissionais da saúde mental expressam receio quanto à proliferação de produtos com altos níveis de tetrahidrocanabinol (THC), princípio psicoativo da planta. Essa versão mais potente da maconha, conhecida popularmente como skunk, tem sido relacionada a quadros psicóticos, principalmente em consumidores frequentes e jovens.


Segundo o professor Robin Murray, do Instituto de Psiquiatria do King’s College London, o consumo intensivo da cannabis atual — muito mais concentrada do que há décadas — está associado ao aumento de casos de esquizofrenia. Ele afirma que a redução do canabidiol (CBD), composto não psicoativo que costuma equilibrar os efeitos do THC, agrava ainda mais os riscos mentais.

Sadiq Khan visita cultivo de cannabis em LA durante missão sobre descriminalização (Reprodução/Stefan Rousseau/PA Images/Getty Images Embed)

Proposta prevê distinção entre uso pessoal e tráfico

A sugestão da comissão, liderada pelo ex-secretário da Justiça Lord Falconer, é alterar o enquadramento jurídico do porte individual. O relatório propõe que essa conduta seja tratada sob a Lei de Substâncias Psicoativas, mantendo a criminalização da produção, importação e comercialização não autorizadas.

Essa abordagem diferenciada visa reduzir a penalização de usuários, especialmente jovens de comunidades vulneráveis, ao mesmo tempo em que mantém o combate ao tráfico e à distribuição ilegal. O objetivo, segundo os autores do relatório, é adotar uma política mais equilibrada entre segurança pública e saúde mental.

Famílias, sociedade civil e academia manifestam diferentes posições

Diversos setores da sociedade se manifestaram sobre a proposta. Entidades médicas e organizações civis argumentam que a descriminalização pode ampliar o acesso a serviços de saúde e reduzir o encarceramento por delitos leves. Em contrapartida, familiares de usuários e algumas autoridades judiciais demonstraram preocupação com os possíveis efeitos adversos à saúde pública, caso não haja controle rigoroso sobre a potência dos produtos consumidos.

O caso britânico se soma a uma discussão mais ampla em países que já legalizaram ou regulamentaram o uso recreativo e medicinal da cannabis. No Brasil, por exemplo, o uso terapêutico é permitido em determinadas situações, mas o porte para fins recreativos ainda é crime. A experiência do Reino Unido pode influenciar decisões em nações que observam os impactos dessas mudanças legislativas.

Tendências internacionais impulsionam o debate

Enquanto alguns estados norte-americanos e países europeus flexibilizam o consumo pessoal de cannabis, pesquisas apontam que regiões com legalização ampla enfrentaram desafios, como o aumento de internações psiquiátricas e de ocorrências envolvendo distúrbios psicóticos. Dados coletados por organizações independentes, como a Smart Approaches to Marijuana, indicam que estados como Califórnia, Colorado e Oregon observaram elevações em estatísticas de violência após a legalização.

Esse cenário tem sido usado tanto por defensores quanto por críticos da descriminalização para sustentar argumentos diversos. A discussão, portanto, permanece complexa e depende de fatores sociais, médicos e jurídicos que variam entre países e regiões.

O debate sobre a descriminalização da maconha no Reino Unido, impulsionado pela atuação de Sadiq Khan e da London Drugs Commission, levanta questões relevantes sobre os impactos do uso da cannabis de alta potência na saúde mental. Ao mesmo tempo, revela a busca por políticas mais equilibradas entre repressão e cuidado, uma tendência observada em diversos países. No Brasil, onde o tema também avança, as experiências internacionais podem oferecer subsídios importantes para decisões futuras.





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