Conheça o Esquema que Cassiano Gomes Utilizou por Meio de Raul Diniz para Desviar Dinheiro da ABRACE
Revelações Sobre o Esquema Financeiro que Envolveu a Maior Associação Canábica do País
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| Cassiano Gomes e Raul Diniz / Reprodução |
Segundo o Censo QuintoAndar de Moradia, pesquisa realizada em parceria com o Datafolha, 87% dos brasileiros sonham em conquistar a casa própria. A pesquisa também aponta que quanto mais rico o brasileiro é, menor é o sonho de conquistar um lar. Cassiano Gomes faz parte da parcela da população que almeja ter seu próprio imóvel.
Em busca de realizar seu grande sonho, Cassiano e sua esposa, Camila Coelho, buscaram um financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Porém, a aprovação do dinheiro para a compra do terreno e a construção da casa dos sonhos demoraria, mas o casal tinha pressa, pois tinham encontrado o terreno ideal, dentro de um condomínio fechado, e se não fechassem negócio rapidamente, perderiam a oportunidade de viver em uma área exclusiva e nobre da cidade João Pessoa.
Foi então que Cassiano resolveu recorrer aos fundos da ABRACE, a maior associação canábica do Brasil, que ele mesmo ajudou a fundar em 2014, com o objetivo de fornecer óleo de maconha para pacientes. A ABRACE é uma instituição sem fins lucrativos, que depende de doações e mensalidades dos associados para manter suas atividades.
O empréstimo da casa própria
Devido à demora da Caixa Econômica Federal em aprovar o financiamento, Cassiano Gomes desenvolveu um esquema para conseguir garantir o terreno dos sonhos, e nesse esquema, além do dinheiro da ABRACE, utilizou também a conta bancária de Raul Diniz. O plano era utilizar o dinheiro da ABRACE para comprar o terreno, e depois reembolsar quando o banco liberasse o financiamento.
No dia 8 de março de 2022, o esquema foi posto em prática. Raul Diniz recebeu em sua conta bancária o valor de R$ 385 mil a título de “adiantamento salarial” e no mesmo dia, transferiu o valor para o dono do terreno cobiçado por Cassiano.
Em conversa exclusiva com este blog, Raul Diniz afirmou que não foi avisado por Cassiano que esse dinheiro sairia dos fundos da associação, muito menos como “adiantamento salarial” em seu nome. O ex-diretor da ABRACE ainda afirma que teve seus dados cadastrais na associação utilizados indevidamente para a transação.
Terreno garantido
O terreno de Cassiano ficou em nome de Raul Diniz até que o financiamento da Caixa Econômica saísse. Raul assinou um termo em abril de 2023, afirmando que vendeu o terreno para Cassiano e o autorizou a começar a construir a casa, mesmo sem o financiamento ter sido efetivamente liberado. A ABRACE ficou com um rombo em seu caixa de quase R$ 400 mil por mais de um ano, até que o financiamento de Cassiano e Camila fosse liberado e o dinheiro retornasse.
Só que um dos impedimentos para a liberação do financiamento do casal eram duas pendências financeiras em aberto que Cassiano tinha junto à Caixa Econômica Federal. Para resolver o problema, o diretor executivo da ABRACE recorreu novamente aos fundos da instituição, e fez uma transação PIX no valor de R$ 172,500,00 para sua conta pessoal. Esse “empréstimo” Cassiano ainda está pagando, inclusive, aumentou o próprio salário para cobrir a nova despesa. O parcelamento foi feito em 30 vezes de R$ 5.570 sem juros.
O dinheiro retorna à ABRACE
Após quitar as pendências antigas, o financiamento de Cassiano e Camila foi liberado, Raul então formalizou a venda do terreno ao casal, e recebeu em sua conta o valor de R$ 308 mil, pois a Caixa Econômica só financia até 80% do valor do terreno. Faltavam R$ 77 mil para a devolução ao caixa da associação, então Cassiano vendeu um apartamento e completou o valor que faltava.
Finalmente, no dia 28 de julho de 2023, após 507 dias, Raul Diniz devolveu os R$ 385 mil à ABRACE, realizando o sonho de Cassiano Gomes. A associação teve um prejuízo de R$ 14 mil com o esquema para a compra do terreno, devido à correção monetária no período entre a saída e o retorno do dinheiro. Quem bancou o prejuízo foram os associados.
Atualmente, a ABRACE, Cassiano Gomes e sua esposa Camila Coelho são investigados por pelo menos dois inquéritos no Ministério Público da Paraíba. Em resposta a um pedido de nota sobre o andamento das investigações, a assessoria do MPT-PB afirmou que não pode comentar eventuais procedimentos em curso, para preservar denunciantes e não prejudicar as investigações. Já a associação ABRACE não retornou ao nosso pedido de contato. O espaço segue aberto para esclarecimentos .
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