PF deflagra operação contra associações de cannabis medicinal no RS
Segunda fase da Operação Desvio Verde apura cultivo irregular e produção de medicamentos sem autorização
 Cultivo apreendido pela PF | Reprodução/PF              A Polícia Federal deflagrou uma nova operação contra associações de cannabis medicinal no Rio Grande do Sul. A ação, chamada Operação Desvio Verde, chegou à segunda fase nesta sexta-feira (31) e investiga o cultivo irregular de cannabis e a produção de medicamentos derivados da planta sem autorização da Anvisa e da Justiça.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Santa Maria e Caçapava do Sul, cidades onde há forte presença de iniciativas ligadas ao uso terapêutico da cannabis. De acordo com a PF, o objetivo é coibir a fabricação e a venda ilegal de produtos à base de cannabis, prática que vem sendo monitorada desde 2024.
Cultivo irregular e comercialização de extratos medicinais
As investigações começaram após a descoberta de uma plantação de cannabis em propriedade rural de Caçapava do Sul, onde o cultivo ocorreria desde 2022, em área isolada e cercada por vegetação.
Segundo a PF, o responsável possuía autorização judicial para cultivo doméstico de cannabis sativa com finalidade medicinal, mas o plantio foi encontrado em escala superior à permitida e fora do endereço autorizado
Vereadora do Psol se manifesta sobre a operação (Video: Reprodução/Instagram/@alicepsol)
Há também indícios de comercialização irregular de extratos medicinais, além de fabricação de produtos sem registro sanitário e fora dos padrões exigidos pela Anvisa. Os investigados podem responder por tráfico de drogas, associação para o tráfico e adulteração de produtos terapêuticos.
A primeira fase da Operação Desvio Verde, deflagrada em março, já havia resultado na apreensão e destruição de mais de 400 pés de cannabis e insumos para produção de medicamentos. A ação atual dá continuidade às investigações iniciadas naquela etapa.
Associação Ascamed se manifesta sobre a operação
A Associação Santa-Mariense de Cannabis Medicinal (Ascamed), um dos alvos da operação, declarou ter recebido a notícia “com revolta”. O advogado da entidade, Lucas Mota Ramos, afirmou que a organização atua “na defesa do direito à saúde” e que pretende buscar proteção jurídica via habeas corpus para garantir a continuidade das atividades.
A diretora social da Ascamed, Júlia Silverter, lamentou a abordagem policial e reforçou que a associação atende mais de mil pacientes em todo o Brasil, produzindo óleos medicinais de cannabis desde 2023 em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria.
— Nosso trabalho é técnico, voltado à saúde e à qualidade dos produtos. Continuaremos firmes, mesmo diante das adversidades — declarou Júlia.
O processo referente à Operação Desvio Verde segue sob sigilo judicial, e novas diligências não estão descartadas.
 

 
 
 
 
 
 
 


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