Jornalismo à Venda: Os Patrocínios que Alavancam a Indústria da Cannabis Medicinal na Mídia Brasileira
No início de 2022, uma conhecida jornalista especializada em assuntos relacionados a maconha publicou uma extensa matéria em uma revista de negócios, promovendo intensamente uma marca de produtos importados à base de Cânhamo. Entretanto, chamou a atenção o fato de a empresa não possuir autorização sanitária da Anvisa, conforme a RDC 327/2019, e de operar suas vendas de acordo com a RDC 660/2022, que não exige comprovação de qualidade, apenas que a empresa seja legal em seu país de origem.
A questão é por que a jornalista decidiu alavancar a imagem de uma empresa que comercializa CBD e explora o mercado utilizando métodos que podem ser considerados como "jeitinho brasileiro", em uma revista conceituada.
Recentemente, surgiram respostas para essa questão. A empresa começou a patrocinar as novas empreitadas da jornalista na mídia, com o claro objetivo de fortalecer ainda mais sua imagem no cenário do uso medicinal da maconha no país.
Essa prática é conhecida como branded content ou jornalismo patrocinado. O respeitado jornalista Álvaro Pereira Júnior reflete sobre essa questão em um artigo publicado pelo site Observatório da Imprensa:
“A separação entre interesses comerciais e princípios editoriais é a última fronteira do jornalismo de qualidade. Não se sabe o que existe do outro lado. Talvez sejam tempos novos e radiosos. Talvez seja um abismo.”
Em um mercado que movimenta bilhões de reais, enquanto a população negra e periférica é afetada negativamente pelo uso da mesma substância, tais iniciativas levantam questionamentos se podem ser consideradas progressistas e benéficas ou se são, na verdade, um abismo. É importante refletir sobre os impactos sociais e éticos dessas ações em um cenário tão sensível como o da maconha no país.
Comentários
Postar um comentário