As cepas mais ricas em THCV e o futuro dos cruzamentos de laboratório
Entre cepas africanas e híbridas, o interesse pelo ‘canabinoide fitness’ cresce, inspira avanços biotecnológicos e aponta para um futuro promissor na medicina do emagrecimento
 THCV: o canabinoide raro que desperta interesse da pesquisa e da medicina do futuro (Reprodução/Lord Of CBD)              Poucos canabinoides despertaram tanta curiosidade nos últimos anos quanto o THCV, apelidado de “canabinoide fitness” pela imprensa internacional. Mas se os efeitos já começam a ser explorados em pesquisas clínicas, a grande questão que intriga cultivadores e pacientes é outra: quais strains concentram essa molécula tão rara?
Doug’s Varin: o mito californiano
Em meados da década passada, a cena canábica da Califórnia passou a falar de uma variedade quase lendária: a Doug’s Varin. Desenvolvida por breeders independentes, ela se tornou referência por apresentar entre 3% e 5% de THCV — índices quase impensáveis para outras strains. A revista High Times chegou a classificar a Doug’s Varin como a “primeira strain comercialmente viável” focada nesse canabinoide. Seus efeitos são descritos como energizantes, de curta duração, e com um detalhe que chama atenção: em vez de abrir o apetite, ela ajuda a reduzi-lo.
Pineapple Purps: a híbrida rara
Outra cepa que conquistou espaço em reportagens da Leafly e em fóruns de cultivadores é a Pineapple Purps. Além do perfil aromático tropical, essa strain surpreendeu por registrar proporções incomuns de THCV:THC, chegando em alguns fenotipos a 3:1. O resultado, segundo relatos, é uma experiência mais “alerta” do que sedativa — característica que reforça o interesse da indústria pelo desenvolvimento de híbridas com potencial energético.

Pineapple Purps: híbrida tropical rica em THCV e efeitos energizantes (Reprodução/Instagram)
Durban Poison e o legado africano
Se há uma cepa clássica que não pode ser ignorada nessa lista, é a Durban Poison, originária da cidade portuária de Durban, na África do Sul. Considerada uma strain sativa, ou seja, uma variedade nativa preservada sem cruzamentos humanos, ela é apontada por pesquisadores como uma das maiores fontes naturais de THCV.
O perfil genético das africanas não apenas mantém índices relevantes da molécula, mas também inspira novos programas de breeding que buscam estabilizar esse canabinoide em larga escala.
Além da Durban, outras sativas africanas — de países como Malawi e Suazilândia — aparecem em catálogos de bancos de sementes com menções específicas ao potencial de varinas, embora em níveis menos consistentes do que a cepa sul-africana.
Entre a biotecnologia e a tradição
Enquanto breeders norte-americanos e europeus tentam replicar e intensificar o potencial do THCV em híbridas como a Doug’s Varin e a Pineapple Purps, a base genética continua vindo do continente africano. Um estudo recente publicado em Frontiers in Plant Science reforçou que as populações de cannabis do sul e leste da África apresentam naturalmente maior incidência de varinas, o que explica o interesse crescente da biotecnologia nesses genótipos.
No Brasil, a repercussão desse movimento já chegou à imprensa especializada. Cientistas canadenses identificaram mais de 30 marcadores genéticos da cannabis, abrindo caminho para desenvolver cepas sob medida — incluindo plantas com teores elevados de THCV. A expectativa é que, em breve, consumidores e pacientes tenham acesso a strains com perfis mais previsíveis e estáveis desse canabinoide.
Um canabinoide raro em strains ainda mais raras
Hoje, falar em THCV é falar em raridade. Enquanto Doug’s Varin permanece limitada a nichos da Califórnia, Pineapple Purps surge como promessa de mercado, e Durban Poison mantém viva a herança genética africana, a busca por cepas ricas nessa molécula continua sendo um trabalho de garimpo — tanto para pacientes quanto para a indústria.
E é justamente nessa escassez que mora o fascínio: cada strain que carrega o THCV em níveis relevantes não é apenas mais uma variedade da planta, mas um capítulo estratégico no futuro da cannabis terapêutica.
 

 
 
 
 
 
 
 
 


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