O falso ‘barato’: autoridades dos EUA alertam para onda de intoxicações por Delta-8 THC
Mais de 10 mil casos em quatro anos expõem o lado sombrio dos produtos que prometem uma experiência leve e segura com cannabis
 Delta-8 THC já provocou milhares de intoxicações nos EUA desde 2021 | Reprodução/Pexels              Um alerta de saúde vem chamando a atenção das autoridades americanas: o número de casos de intoxicação relacionados ao Delta-8 THC, um derivado da cannabis vendido como alternativa “leve” à maconha, tem crescido rapidamente nos Estados Unidos.
Segundo dados divulgados pela America’s Poison Centers, que reúnem os registros dos Centros de Controle de Intoxicações do país, foram contabilizados 10.434 casos de exposição ao Delta-8 THC entre 2021 e 2025. Apenas nos primeiros quatro meses de 2025, 370 novos casos foram registrados.
O que é o Delta-8 THC?
O Delta-8 tetrahidrocanabinol (THC) é um dos muitos canabinoides encontrados na planta Cannabis sativa. Ele é quimicamente semelhante ao Delta-9 THC, o principal componente psicoativo da maconha, porém com efeitos considerados mais leves, cerca de metade da potência do “barato” tradicional.

Mais de 10 mil casos de intoxicação por Delta-8 THC foram registrados nos Estados Unidos entre 2021 e 2025, segundo dados oficiais dos centros de controle de intoxicações do país (Reprodução/America's Poison Centers)
Devido à sua baixa concentração natural na planta, o Delta-8 THC comercializado geralmente é produzido sinteticamente a partir do CBD (canabidiol). Esse processo químico pode gerar impurezas ou subprodutos tóxicos, que nem sempre são informados nos rótulos dos produtos.
Produtos populares, mas sem aprovação da FDA
Os produtos à base de Delta-8 THC, como balas, gomas, extratos e cigarros eletrônicos, são vendidos em lojas e na internet, muitas vezes em embalagens coloridas e com sabores atrativos. Alguns são comercializados como “weed light”, sugerindo um efeito mais suave que o da maconha comum.
Entretanto, a FDA (Food and Drug Administration), agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA, não avaliou nem aprovou nenhum produto contendo Delta-8 THC para uso seguro.

Em apenas quatro meses de 2025, os EUA já registraram 370 casos de intoxicação por Delta-8 THC, segundo dados dos centros de controle de intoxicações (Reprodução/America's Poison Centers)
Em 2022, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) chegou a emitir um alerta de saúde pública, após aumento expressivo de atendimentos relacionados à substância.
Sintomas e riscos da intoxicação
Embora o Delta-8 THC seja promovido como mais brando, a ingestão em grandes doses pode provocar sintomas de intoxicação:
- Sonolência intensa
- Vômitos
- Confusão mental e alucinações
- Dificuldade de coordenação motora e marcha
- Alterações na frequência cardíaca
- Queda de pressão arterial
- Dificuldade respiratória e, em casos graves, coma
As crianças são particularmente vulneráveis: intoxicações acidentais têm ocorrido quando elas consomem balas ou doces com Delta-8 THC, confundindo-os com produtos comuns.
O que fazer em caso de suspeita de intoxicação
Autoridades de saúde orientam que, diante de qualquer suspeita de intoxicação por Delta-8 THC ou outras substâncias, a população deve:
- Ligar imediatamente para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox): 0800-722-6001
O atendimento é gratuito, disponível 24 horas por dia, em todo o Brasil.
- Em situações de risco à vida, como perda de consciência, parada respiratória ou convulsões, chamar o SAMU pelo número 192.
Esses serviços prestam orientações emergenciais tanto para cidadãos quanto para profissionais de saúde.
Como prevenir
Especialistas recomendam medidas simples para reduzir o risco de intoxicação, principalmente em casas com crianças:
- Evite comprar produtos com aparência de doces ou bebidas conhecidas.
- Prefira embalagens com travas de segurança infantil.
- Armazene os produtos fora do alcance das crianças, em locais trancados ou em caixas de segurança.
Dados ainda são preliminares
Os números divulgados refletem apenas os casos reportados voluntariamente aos Centros de Intoxicação dos EUA. Portanto, os dados podem estar subestimados, muitas ocorrências não chegam a ser notificadas.
Ainda assim, as autoridades afirmam que o aumento dos casos é um sinal de alerta internacional. O uso recreativo de produtos canabinoides sintetizados, vendidos sem controle adequado, representa um risco crescente para a saúde pública, especialmente entre jovens e crianças.
 

 
 
 
 
 
 
 


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