Esposa do ex-procurador do INSS elaborou laudos médicos para empresa de cannabis do “Careca do INSS”
Médica teria produzido pareceres para a Word Cannabis, que nunca vendeu produtos à base de cannabis medicinal, segundo relator da CPMI que investiga fraude bilionária na Previdência Social
 Oitiva da esposa do ex-procurador-geral do INSS |  Carlos Moura/Agência Senado              A médica Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador-geral do INSS, Virgílio de Oliveira Filho, foi citada por suspeitas de envolvimento em um esquema de fraudes previdenciárias. Segundo informações da Agência Senado, durante a CPMI do INSS, o relator Alfredo Gaspar (União-AL) afirmou que uma das empresas associadas à médica recebeu recursos de um grupo investigado, incluindo a Word Cannabis, companhia ligada ao empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
Word Cannabis aparece em contratos médicos suspeitos
De acordo com o relator, a Word Cannabis está entre as empresas que teriam contratado pareceres médicos de Thaisa Jonasson, embora nunca tenha comercializado produtos à base de cannabis medicinal, apesar do nome sugerir atuação no setor. A companhia foi apontada como parte de uma rede de negócios usada para movimentar valores suspeitos relacionados ao desvio de recursos de aposentadorias e pensões.

Thaisa Jonasson é citada por ligação com a empresa de cannabis Word Cannabis durante a CPMI do INSS (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)
Durante a sessão, Gaspar revelou que o empresário conhecido como “Careca do INSS” transferiu quase R$ 11 milhões para duas empresas controladas por Thaisa, a Curitiba Consultoria e o Centro Médico Vitacare. Outra empresa da médica, a THJ Consultoria, também teria recebido R$ 3,5 milhões de um núcleo da operação sediado em Sergipe.
Médica diz que prestou consultorias; relator contesta
Em sua defesa, Thaisa Jonasson declarou que os valores recebidos correspondem a consultorias e pareceres técnicos prestados desde 2022, e afirmou que entregará documentos à CPMI comprovando a execução dos serviços.
O relator, no entanto, questionou a autenticidade dos relatórios médicos e destacou que o vínculo da médica com a Word Cannabis levanta dúvidas sobre o verdadeiro propósito das transações. “Essa empresa sequer vendeu cannabis medicinal”, afirmou Gaspar, sugerindo que o nome pode ter sido usado para dar aparência de legitimidade a negócios irregulares.
Operação Sem Desconto apura enriquecimento e uso de empresas de fachada
As investigações da Operação Sem Desconto, conduzidas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), indicam que o casal teria adquirido imóveis e carros de luxo incompatíveis com seus rendimentos como servidores públicos.
Parlamentares também apuram se Virgílio de Oliveira Filho teria facilitado acordos irregulares entre o INSS e associações de aposentados, o que pode ter aberto caminho para o desvio de recursos públicos.
 

 
 
 
 
 
 
 


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